sexta-feira, 9 de abril de 2010

Alforrias condicionais no Rio Grande do Norte em 2010.


Eu sempre disse que Macaé era uma grande fazenda digna do Antigo Regime, mas em nada se compara ao Nordeste.


Como alguns leitores sabem, trabalho numa empresa petrolífera em Macae. Dia desses, precisando alugar um micro-ônibus em Alto do Rodrigues (lugarejo perdido bem depois de Mossoró, onde temos sondas de terra) para cumprir com as exigências de um contrato junto à Petrobras, fechei com uma empresa do RN. De início já achei esquisito porque George era o sócio-gerente, mas nada resolvia. Tudo devia ser tratado com seu irmão Sinval. Entendi de pronto que Sinval devia ser o irmão mais velho que tomava todas as decisões e me dei por satisfeita de ter encontrado o que eu procurava: ônibus com motorista.

Qual não foi a minha surpresa quando ontem, ao ser informada pelo meu chefe que o motorista de Sinval não tinha carteira assinada e que por isso não seria aceito pela Petrobras, constato que o nome do pobre era EDIVALDO MULATINHO DA COSTA.

Gente! Era uma carta de alforria gratuita condicional como aquelas que estudei no meu projeto de iniciação científica:
       “ Aos oito dias do mês de abril do anno de dois mil e dez de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Villa de    Alto do Rodrigues, o sr. Sinval alforria seu escravo Edivaldo Mulatinho da Costa [da África] por seus bons serviços, com a condição de servi-lo em vida”.

Perfeito!

Mas não se preocupem! Obrigaremos Sinval a assinar a carteira do mulatinho.

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